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terça-feira, 17 de maio de 2011

COLUNA DO ESMAEL MORAIS (18/05/2011)




Palocci permanece na linha de tiro
O ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, enfrenta inferno astral por conta do patrimônio aumentado 20 vezes em quatro anos. Mesmo com a minimização feita pelo governo, ao dizer que o assunto estava encerrado, a oposição enxergou aí uma oportunidade de sangrar a gestão da presidenta Dilma Rousseff.
Cada qual cumpre um papel nessa confusão em torno do ministro. A oposição quer mostrar que ainda está viva. A situação tenta provar que é fiel ao Planalto.
Alguns partidos aliados, que aguardam na fila do gargarejo uma boquinha, veem uma possibilidade de ter seus pleitos atendidos imediatamente em troca de apoio. É a lei da oferta e da procura na política. O PMDB é o que mais pode faturar com a crise porque é mais pragmático quando o assunto é conquistar novos espaços.
A fatura peemedebista tende custar caro ao governo. Em duas oportunidades, os líderes da legenda saíram em disparada para socorrer a bandeira governista. A primeira foi na semana passada quando enterrou a votação do Código Florestal. A segunda ocorreu nessa defesa apaixonada da lisura do aumento patrimonial de Palocci.
Resumo da ópera: a demora do governo em atender as demandas de aliados será cobrada com juros e correção monetária em um futuro não muito distante.

Pressão total
PPS, DEM e PSDB não se convenceram com as explicações de Palocci. Os três partidos oposicionistas protocolaram nesta terça-feira um pedido de inquérito na Procuradoria Geral da República (PGR). Querem também que a Receita Federal, Conselho de Controle de Atividades Fiscais (Coaf) e Controladoria Geral da União (CGU) fiquem no pé do ministro.

Eu também posso
Em nota explicativa distribuída nesta terça pela Casa Civil o argumento principal era de que outros ex-ministros, na gestão FHC, também fizeram consultorias de sucesso. Em síntese: se eles puderam, eu também posso.

Trator governista
Cândido Vaccarezza, líder do governo da Câmara, deverá orientar a base para votar nesta semana 11 medidas provisórias que trancam a pauta na Casa. Não deverá enfrentar dificuldades no plenário. Sem votos, o DEM anuncia que vai ao STF para impedir as votações.

Lula online
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou presença no II Encontro Nacional de Blogueiros Progressista, que acontecerá em Brasília de 17 a 19 de junho.

Impeachment no STF
O advogado Alberto de Oliveira Piovesan protocolou no Senado pedido de impeachment do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, por causa de ligações perigosas que ele manteria com o escritório de outro advogado, Sérgio Bermudes, em Brasília. A mulher de Mendes, Guiomar, trabalha no local.

Roubágio
O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), anunciou o fim da guerra jurídica com as concessionárias de pedágio no estado. São mais de 140 processos suspensos. Tudo em nome da redução no preço das tarifas. Mas a taxa de retorno de 80% para as empresas continuará imexível. Ou seja, os contratos poderão ser prorrogados por mais 20 anos e novas praças deverão ser instaladas nas rodovias paranaenses.

A política como ela é:

O choro de JK
Exilado em Paris pela violência gratuita do golpe de 64, Juscelino saiu uma tarde dirigindo seu carro e curtindo saudades do Brasil, numa conversa com seu velho amigo Olavo Drummond. Chegaram à Place Vendômme, estacionou em um lugar proibido. O guarda logo aparece, alto e posudo, com seu bonezinho à De Gaulle. Pediu a carteira de motorista, conferiu :

- Oh, senhor Kubitschek? Parente do grande presidente Kubitschek do Brasil?

- Sou eu.

- O senhor, o próprio presidente Kubitschek? Por favor, dê-me a chave do carro. Eu mesmo vou estacioná-lo. Aqui, apesar de exilado, o senhor continua presidente, como sei que continua lá.
       
JK entregou a chave, pôs a mão no ombro de Olavo e chorou.

(Do livro “Folclore Político”, de Sebastião Nery).

Coluna disponível em: http://colunadoesmael.com – Contatos: e-mail:esmaelmorais@hotmail.com – Twitter: @esmaelmorais

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