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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Cariocas apostam mais na saúde pública

Pesquisa do Rio Como Vamos mostrou que, nos últimos três anos, procura subiu nove pontos percentuais


Em 2009, a prefeitura assumiu, no Plano Estratégico da cidade, o compromisso de ampliar a cobertura da atenção básica dada pelo Programa de Saúde da Família (PSF) de 3,5% para 35% até 2012. Outras metas, como a criação de 20 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e a redução do tempo de espera nas grandes emergências, também foram traçadas e ratificadas em acordos. Um balanço do que foi alcançado mostra que a cobertura do PSF chega a 23,7%, com a construção de 42 Clínicas da Família, e que dez UPAs foram entregues.

E como a população vê essas mudanças? A Pesquisa de Percepção 2011 do Rio Como Vamos (RCV) revela que, de 2008 a 2011, a procura dos cariocas por unidades públicas de saúde subiu nove pontos percentuais: de 48% para 57%. Em 2008, na primeira edição da pesquisa, 34% avaliaram positivamente o atendimento; hoje são 50%.

Falta de médicos é o que mais preocupa

Há três anos, entre os insatisfeitos, o longo tempo de espera era o que mais incomodava. Agora, é a falta de médicos. A pesquisa indica ainda que, dos que procuraram atendimento na rede de saúde, a predominância foi de moradores na Zona Oeste. Encomendado ao Ibope, o levantamento ouviu, em maio, 1.358 cariocas.

Para o RCV, a comparação dos dados com os da edição de 2008 revela que aumentou a percepção positiva, o que é condizente com a expansão da rede. Mostra também que, apesar dos avanços, ainda há áreas da cidade que demandam atenção urgente do poder público. É o caso da Zona Norte, onde 39% disseram que houve piora. Para o RCV, é preciso avaliar quais as razões dessa insatisfação numa região que recebeu 18 Clínicas da Família e cinco UPAs.

As emergências continuam sendo o principal motivo que leva o carioca à rede de saúde. O percentual subiu de 2009, na segunda edição da pesquisa, para 2011. Enquanto isso, houve retração dos que procuraram unidades para consultas de rotina e preventivas, apesar de a atenção primária ter registrado considerável ampliação. Segundo aSecretaria municipal de Saúde, 600 mil novos usuários foram incluídos na rede com as Clínicas da Família, e o número de procedimentos ambulatoriais passou de 19 milhões em 2008 para 25 milhões em 2010.

A Zona Oeste tem o menor índice de procura por consultas de rotina: 9%. Um dado que, para o RCV, pode ser herança da desconfiança nascida nos anos de dificuldades para conseguir atendimento.

O secretário municipal de Saúde, Hans Dohmann, acredita que o percentual de avaliações positivas aumentará quando áreas ainda não contempladas receberem Clínicas da Família. Em seis meses, serão inauguradas mais sete na Zona Oeste e outras nove na Zona Norte.

Quanto à principal razão de insatisfação apontada, a falta de médicos, o secretário diz que há dificuldades em relação a algumas especialidades, como clínica médica e pediatria, e para colocar profissionais em regiões afastadas do Centro e violentas. Mas ele negou que a falta seja generalizada. Atualmente, há cerca de 4.400 médicos nos quadros do município e outros 1.294 contratados por Organizações Sociais (OSs) para atuar nas Clínicas da Família. Um concurso para mais 1.700 médicos foi aberto há duas semanas.

Já para a presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremerj), Márcia Rosa de Araújo, a falta de médicos é um problema da rede pública no Brasil. A solução, diz ela, passa pela oferta de salário condizente com a responsabilidade do profissional e por melhores condições de trabalho. No concurso aberto pela prefeitura, o salário oferecido é de R$1.504, para 24 horas de trabalho semanais.

Segundo o RCV, os principais desafios para o cumprimento das metas de saúde pública são a ampliação e a manutenção da estrutura da rede, além da contratação de pessoal em quantidade e qualidade condizentes com essa expansão.

oglobo.com.br/rio/riocomovamos/


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