Pela gestão da política de trânsito em Curitiba, podemos ter uma visão clara do conceito de administração pública que o grupo político que domina a cidade há quase 30 anos impõe aos cidadãos. Muitos não param para pensar nisso, mas se o fizessem, não demoraria muito para a “ficha cair”: não se busca um bom trânsito, que beneficie todos os seus usuários – de pedestres a condutores -, mas um trânsito LUCRATIVO.
A pesada indústria da multa se apresenta ao cidadão curitibano antes de qualquer política educativa, que favoreça a boa convivência entre todos que transitam pela cidade, dar o ar da graça. Desde que a URBS se viu impossibilitada pela Justiça de cobrar as multas sobre as contravenções captadas pelos radares, lombadas eletrônicas e agentes do Diretran, todo o empenho da Prefeitura de Curitiba se voltou para a busca de alternativas em torno de como continuar garantindo essa vultosa arrecadação. E os meios de comunicação também polemizam sobre, claro, o “bandido” que se aproveita dessa “trégua” ou “entressafra” para cometer crimes, como os de avançar o sinal, imprimir velocidade exagerada e todo tipo de abuso atualmente “sem detecção e punição”.
Mas a questão central não chega a ser debatida: a de que o objetivo maior da política de trânsito que vigora em Curitiba é o da arrecadação. Imagine um pai de família que bate, pune e aplica castigos nos filhos antes mesmo de educar e de ensinar as regras de convivência na família e na sociedade? O poder público – na concepção autoritária dos demo-tucanos – é esse pai que usa o aparelhamento estatal apenas para multar e para punir; pratica uma administração despótica. E ainda age como se a multa fosse a única proposta viável.
Esse mesmo modelo de gestão, que no trânsito mostra apenas uma face, “resumo” de seu pragmatismo, é o que censura e derruba o pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff (PT) do ar na TV E-Paraná, quando ela vem à Curitiba anunciar que o governo federal está destinando R$ 1 bilhão a fundo perdido para as obras do metrô e emprestando outros R$ 750 milhões à Prefeitura de Curitiba para que o empreendimento aconteça. Tirar do ar sua fala é adotar a “filtragem” na seleção do que é exibido e, mais do que isso, é trazer de volta à cena o pai autoritário que diz o que os filhos já bem crescidinhos podem e não podem ver, devem ou não devem ouvir.
O modelo que a turma de Beto Richa (PSDB) implantou em Curitiba, via URBS, ICI etc, é o mesmo que, agora, está sendo exportado para o governo do estado, por meio dessa epidemia de agências reguladoras, dos esquemas de privatizações mascaradas e dos desmandos sobre órgãos e equipamentos públicos sob suas asas, como acontece na TV E-Paraná.
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