Índice de Confiança Social, novo produto do IBOPE Inteligência, mede credibilidade das instituições brasileiras
Querer treinar muito, aprimorar-se sempre e ajudar as pessoas. É assim que o tenente do Corpo de Bombeiros Marcos Palumbo define o perfil dos profissionais que integram a corporação da qual faz parte. Características que são fundamentais para realizar um trabalho digno da confiança da população brasileira. Tema analisado pelo novo produto do IBOPE Inteligência, o Índice de Confiança Social, no qual o Corpo de Bombeiros alcançou a maior pontuação entre 18 instituições pesquisadas em todo o Brasil e a segunda melhor performance quando analisados, em conjunto, instituições e grupos sociais.
Trata-se de um índice cujo produto final é o resumo dos indicadores de confiança em diversas instituições. Para isso, a confiança é constatada em duas dimensões: interpessoal, que tem relação de interação com as pessoas, e nas instituições
temos uma série histórica de credibilidade das instituições em que é possível ver o comportamento da população brasileira em relação a elas“, explica a diretora executiva de atendimento e planejamento do IBOPE Inteligência, Márcia Cavallari.
“Com a nova versão, ao mesmo tempo em que vamos medir a confiança das instituições e dos grupos sociais, a partir dos indicadores individualizados será constituído um único índice. É o início de uma nova série”, reforça.
No meio do caminho
A primeira pesquisa da nova variante foi realizada de 17 a 22 de julho com 2.002 indivíduos com mais de 16 anos em 142 municípios do Brasil. O resultado mostrou que a confiança da população brasileira em suas instituições é de 60 pontos, numa escala de zero a cem. Quando observados separadamente os índices da confiança interpessoal e nas instituições, a pontuação vai para 69 e 58, respectivamente. “Estamos falando de instituições que fazem o funcionamento da sociedade e colaboram para que direitos e deveres sejam respeitados”, afirma.
De acordo com o estudo, partidos políticos têm o pior índice (31), seguidos por Congresso Nacional (35) e sindicatos (46), enquanto sistema eleitoral (49), governo federal (53) e presidente da República (66) obtiveram pontuações melhores. Corpo de Bombeiros, com 88 pontos, e Igrejas, com 76 pontos, foram as mais bem avaliadas entre as instituições. Na análise do diretor-científico do Núcleo de Pesquisas de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo, José Álvaro Moisés, os dados apontam para a valorização do Poder Executivo, como o presidente da República, assim como das eleições, em contraposição à desvalorização das instituições de representação. “Este é um signo da cultura política brasileira”, afirma. De acordo com Moisés, sempre houve a desvalorização do Parlamento e dos partidos no Brasil. “O regime democrático é valorizado, mas não há uma percepção clara sobre o que o Parlamento e os partidos políticos representam para a democracia”, explica. Para o cientista político, esse conjunto de fatores representa a baixa qualidade da democracia brasileira. “A representação é o coração do sistema democrático, regime que pressupõe não só o direito de votar, como também de controlar o que os representantes da população estão realizando. Sem mobilização, parte dos interesses dos cidadãos ficará de fora do sistema político”, observa.
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Metodologia
Para eleger as instituições que fazem parte do estudo e a metodologia a ser aplicada, foram usadas referências de levantamentos nacionais e internacionais.
“Escolhemos aquelas que tinham representatividade não só no Brasil, mas também em outros países, uma vez que pretendemos fazer a mesma pesquisa na Argentina, no México e nos demais escritórios onde estivermos presentes”, revela Márcia. Além disso, para facilitar o uso comum em diversas localidades, foram utilizadas designações já consagradas em estudos do gênero, como os termos índice e confiança.
A composição do índice foi feita numa escala de quatro pontos, em que é possível medir muita confiança; alguma confiança; quase nenhuma confiança; e nenhuma confiança. No fim, todas as pontuações atribuídas são somadas e divididas pelo número de entrevistados, resultando no índice geral. Segundo Márcia, a pontuação é padronizada numa escala de zero a cem para que se possam fazer comparações, mesmo incluindo ou retirando instituições do estudo. “Ao longo do tempo, será possível traçar a evolução da confiança da população brasileira em pessoas e instituições”.
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