Lixo de hospitais de São Paulo, do Rio, de Pernambuco e do Paraná está sendo vendido no interior da Bahia. A Polícia Civil do Estado apreendeu, nesta quarta-feira, 830 kg de roupas de pacientes, jalecos e lençóis em uma loja de Ilhéus (472 km de Salvador).
Segundo a delegada Andréa Oliveira, lençóis e roupas estavam com manchas que seriam de sangue ou de medicamentos. Em algumas peças havia a inscrição "infectante". O material foi encaminhado para perícia.
O lixo hospitalar estava sendo vendido na loja Agreste Tecidos. O proprietário do estabelecimento não foi encontrado pela polícia. O filho dele, que estava na loja, foi levado à delegacia e prestou depoimento, mas não revelou detalhes do fornecedor do material.
Com a apreensão do lixo, a polícia vai investigar se o material foi vendido pelos hospitais ou se existe um esquema de desvio de lixo hospitalar de empresas contratadas para incinerá-lo.
"Na nota fiscal, o material chegou à Bahia como retalhos de roupas, mas eram na verdade resíduos que deveriam ter sido destruídos", disse a delegada.
A Folha não conseguiu localizar o advogado da Agreste Tecidos.
IMPORTAÇÃO
Na semana passada, a Folha revelou que lençóis com nomes de hospitais dos EUA --classificados como lixo hospitalar-- são vendidos por quilo em Santa Cruz do Capibaribe, a 205 km de Recife, em Pernambuco.
A Receita apreendeu dois contêineres com 46 toneladas de resíduos hospitalares vindos dos EUA que eram descritos em documentos como "tecido de algodão com defeito". Nos compartimentos, no entanto, foram encontrados lençóis manchados de sangue e seringas entre outros.
O material é proibido de entrar no país e oferece risco à saúde. Especialistas dizem que lençóis só podem ser reaproveitados após rigoroso processo de esterilização.
Neste ano, a mesma importadora já havia trazido para Pernambuco outros seis carregamentos, que não foram retidos na fiscalização.
A Polícia Civil e a Vigilância Sanitária do Pernambuco já interditaram três lojas suspeitas de importação e venda de tecidos ilegais dos EUA.
Nesta terça-feira, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), culpou os EUA pela importação.
Em entrevista coletiva, Campos chamou de "bandido" o empresário responsável pela importação e uso de lixo hospitalar em confecções.
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