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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Adriano Massuda: Será a nossa primeira experiência em um evento desse porte

Saúde fica para depois

PAULO DE TARSO LYRA no Correio Braziliense

Em evento em um hotel da Zona Sul do Rio de Janeiro, o ex-jogador Ronaldo foi confirmado, ontem, como membro do Conselho de Administração do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo. Questionado sobre os investimentos públicos que estão sendo feitos nos jogos de 2014, ele defendeu o atual uso dos recursos. "Está se gastando dinheiro com segurança, saúde, mas sem estádio não se faz Copa. Não se faz Copa com hospital." Mas não é bem assim. O Brasil precisa criar mais leitos, agilizar o transporte de doentes em ambulâncias e qualificar o atendimento em urgências e emergências se não quiser fazer feio no Mundial.

Muito além do debate sobre a construção de estádios e a realização de obras de mobilidade urbana, o país já constatou que, atualmente, não tem condições de atender os turistas que visitarão o Brasil para ver os jogos. "Será a nossa primeira experiência em um evento desse porte", admitiu ao Correio o secretário executivo adjunto do Ministério da Saúde, Adriano Massuda.

Ainda que subdimensionados - o próprio Massuda espera números maiores em 2014 -, a previsão do volume de turistas no Brasil para assistir aos jogos impressiona. Pelas estimativas da Embratur, ao longo de todo o ano da Copa, 7,2 milhões de estrangeiros visitarão o país. Só nos 30 dias em que será realizado o torneio são 600 mil. Todo esse cenário preocupa o Ministério da Saúde. "Teremos que fazer uma intensa capacitação de nossas equipes", afirma Massuda. Além disso, 3 milhões de brasileiros deverão viajar pelo país durante o período, reforçando as carências na Saúde Pública.

Uma das primeiras ações é uma parceria entre a Anvisa e a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária para elaboração de um plano de trabalho que evite epidemias que possam atrapalhar o Mundial. "Os jogos vão acontecer em julho, período de inverno com temperaturas baixas, sobretudo na Região Sul do país", afirma Massuda, que também é coordenador do grupo temático Saúde na Copa.

A maior preocupação é com a incidência da gripe H1N1 e de outras doenças respiratórias, trazidas por turistas estrangeiros ou pelos próprios brasileiros. Um plano de trabalho de prevenção nas fronteiras e nos aeroportos está em elaboração no ministério para evitar pandemias. Mas o receio não existe apenas em relação à Região Sul. "No Norte e no Nordeste, os riscos são mais ligados à febre amarela. E, apesar de não ser um período de pico - que é no verão -, não podemos desconsiderar os casos de dengue que sempre ocorrem nessa época na Região Sudeste", completou o secretário executivo do Ministério.

Existe também a preocupação com o deslocamento de pacientes durante os jogos da Copa do Mundo. Como já adiantou o Correio, a maior parte das obras de mobilidade urbana não estará pronta até a Copa das Confederações, em 2013, e muitas delas só serão entregues às vésperas do Mundial. Esses atrasos se refletirão na qualidade dos atendimentos aos pacientes. "Teremos de aprimorar nosso pré-atendimento hospitalar. E não adianta apenas falarmos em entregar novas UPAs (Unidade de Pronto-Atendimento)", afirmou Adriano Massuda. "Não adianta apenas termos leitos. Temos que buscar maneiras para que os pacientes cheguem a esses leitos", completou.

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