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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A obsessão republicana por atacar programas sociais continua sendo uma questão de raça, depois de tantos anos

A loucura conservadora

A obsessão republicana por atacar os programas sociais não tem nada a ver com a fé no Estado mínimo
por Paul Krugman, The New York Times, reproduzido na Carta Capital

Muitos comentaristas têm se referido a um relatório da Democracy Corps sobre reuniões de grupos de opinião com republicanos, e com bons motivos: Stanley Greenberg, o cofundador da organização, basicamente forneceu uma teoria unificada sobre a loucura que envolveu a política americana nos últimos anos.
O relatório deixa claro que a atual obsessão republicana por atacar programas que beneficiam os necessitados, desde cupons alimentares até a reforma da saúde, não tem a ver com um compromisso filosófico com o governo reduzido. Trata-se de ansiedade sobre o rumo da América em mutação, a sociedade multirracial e multicultural que estamos nos tornando, e de raiva de que os democratas estejam tirando o Dinheiro Deles e dando-o Àquelas Pessoas. Em outras palavras, continua sendo uma questão de raça, depois de tantos anos.
Uma ironia: são os liberais que acreditam na América, enquanto os conservadores, não. Eu acredito em nossa capacidade de mudar enquanto mantemos nossa natureza essencial. Acredito que os imigrantes de hoje serão incorporados ao tecido social, como os imigrantes italianos e judeus, um dia considerados fundamentalmente incompatíveis com o modo de ser americano, tornaram-se “brancos” em meados do século XX.
Outra ironia: o grande temor da direita de que os programas de seguro social efetivamente comprem votos minoritários para os democratas, levando a mais mudanças, torna-se uma profecia que se autocumpre. O Grande Velho Partido poderia ter tentado estender a mão aos imigrantes, moderado suas posições sobre o Obamacare e marcado posição como um partido moderado e sensato. Em vez disso, aliena todas as pessoas que precisa conquistar e possivelmente prepara a cena para a própria dominação liberal que ele teme.
Enquanto isso, uma importante concessão para nós, estudiosos obcecados, é que nenhum dos debates ostensivos que estamos tendo, por exemplo, sobre as crescentes listas de incapacitados, pode ser tomado pelo valor de face. Sim, precisamos triturar os números, mas no final o outro lado não se importa com a evidência.


Fui omisso por não escrever sobre a nomeação de Janet Yellen para o Fed. Em parte foi por não ter exatamente certeza do que dizer e como explicar por que eu e tantos outros economistas estamos realmente felizes com a escolha. Mas Noam Scheiber, da New Republic, acertou o prego na cabeça ao escrever em um artigo que o animador sobre Yellen não é apenas seu histórico, mas com quem ela anda. Nisso, ela é definitivamente a candidata dos economistas.

Todos os sondados para o cargo já foram, de uma maneira ou de outra, próximos de Wall Street. Até Larry Summers, um histórico formidável como pesquisador, mas também um formidável histórico de ganhar dinheiro como consultor de firmas financeiras. E, embora você possa defender a tese em tempos normais de que um profundo conhecimento das finanças, dos mercados e tudo isso é bom, há duas verdades fundamentais aqui: Wall Street é amplamente responsável pela confusão atual, e os tipos financeiros têm estado constantemente errados, não apenas por não enxergar os riscos antes da crise, como ao diagnosticar o que viria depois. Acima de tudo, eles assumiram a posição de que socorrer os bancos abriria caminho para a recuperação de forma mais ampla, o que não aconteceu.
Enquanto isso, a macroeconomia acadêmica sensata se saiu muito bem, e Yellen está muito nesse campo. Por isso é, se quiser, um membro da minha tribo. O fato de sua indicação também ter feito história, se a nomeação for confirmada, será a primeira mulher a liderar o Fed, é apenas molho.


Uma antiga piada sobre a economia é que é o único campo em que duas pessoas podem ganhar o Nobel por dizer coisas opostas. Até as pessoas que fazem a brincadeira, porém, provavelmente não imaginavam que aqueles dois sujeitos pudessem compartilhar o prêmio, que foi mais ou menos o que aconteceu este ano.

Mas na verdade aprovei o prêmio. O trabalho de Eugene Fama sobre mercados eficientes foi essencial para definir o parâmetro contra o qual se puderam testar alternativas. Robert Shiller fez mais que qualquer outro para codificar as maneiras como a hipótese do mercado eficiente falha na prática. Se Fama disse algumas besteiras nos últimos anos, não importa, ele mereceu esta honra, assim como Shiller. Quanto a Lars Peter Hansen, seu trabalho envolve métodos econométricos sobre os quais não tenho qualquer perícia, mas confiarei nos especialistas que o consideram um ótimo trabalho.

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