O Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, lançou em Curitiba, nesta sexta-feira (05), três cartilhas de assistência farmacêutica que servirão de apoio para outros municípios brasileiros implantarem o programa que orienta sobre o uso racional de medicamentos.
O projeto-piloto da Assistência Farmacêutica implantado em Curitiba no início de 2014 faz parte o Programa de Qualificação dos Serviços Farmacêuticos (QualifarSUS), do governo federal e recebeu investimento de R$ 400 mil. Nele, farmacêuticos realizam consultas individuais com os pacientes que tomam mais que cinco medicamentos ao dia para orientar sobre o uso correto e avaliar a necessidade real desses medicamentos para a pessoa. “Foi um desafio trazer a clínica para dentro da agenda do SUS”, disse o secretario municipal de Saúde, Adriano Massuda, reafirmando que a Prefeitura de Curitiba tem uma das melhores equipes de profissionais que deram uma rápida resposta na implantação do projeto.
Desde abril, quando o programa foi iniciado em 54 unidades de saúde até o mês passado, 2.575 consultas farmacêuticas foram realizadas em Curitiba, número quase três vezes maior que as 868 realizadas em 2013, e seis vezes superior as 439 consultas realizadas em 2012.
Nos três primeiros meses do projeto, foi possível identificar que dos 548 pacientes atendidos, 54% deles omitiam doses dos medicamentos indicados, 34% desistiam do tratamento após alguma melhora, 33% não respeitavam o horário da medicação e 21% faziam adição de doses que não estavam prescritas.
Já as principais doenças foram a hipertensão, diabetes, dislipidemia, obesidade, hipotireoidismo e depressão. Cada um dos pacientes ingeriam em média sete medicamentos diferentes ao dia, sendo os mais utilizados ácido acetilsalicílico, sinvastatina, metforminam, enalapril e omeprazol.
Para o diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde Jose Miguel do Nascimento Junior, o compromisso do governo municipal de Curitiba foi fundamental para o êxito do projeto. ”Quando um projeto piloto começa com 50 unidades, a exemplo de Curitiba, temos a certeza da grandiosidade do trabalho que vem sendo realizado, disse.
Cadernos
Ao todo serão publicados quatro cadernos para auxiliar outros municípios a implantarem o uso racional dos medicamentos. Na tarde desta sexta-feira (05), foi lançado um caderno sobre os serviços farmacêuticos ofertados na atenção básica, trazendo os conceitos e cuidados farmacêuticos, serviços clínicos realizados e o embasamento teórico para a realização do projeto.
O segundo caderno explica como foi a capacitação dos farmacêuticos da rede municipal de saúde que participam do projeto iniciada em 2013.
Já o terceiro caderno expõe todo o planejamento e a implantação dos serviços na capital paranaense.
O quarto caderno, que será lançado em fevereiro, irá detalhar os resultados obtidos pelo programa em Curitiba, detalhando os casos mais comuns encontrados e perfil dos usuários que participaram do programa.
A implantação do projeto começou em março de 2013, com a capacitação dos profissionais da rede. O trabalho vai além da orientação clínica dos pacientes. Inclui a avaliação da cadeia logística da gestão de medicamentos da Secretaria, desde o funcionamento do sistema de informação, passando pelo trabalho de aprimoramento e melhora do processo de dispensar remédios nas unidades.
Na maioria dos casos, as equipes de Saúde da Família das unidades são responsáveis pela indicação dos pacientes que são atendidos por farmacêuticos em consultas de avaliação. Trinta dias depois da primeira consulta, eles são reavaliados.
Participaram do lançamento da cartilha o coordenadora de Assistência Farmacêutica Básica do Ministério de Saúde, Karen Costa, o assistente técnico do Conselho nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Elton da Silva Chaves, o vice-presidente do Conselho Federal de Farmácia, Valmir de Santi, e o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Paraná, Arnaldo Zubioli.
Comentário: Este projeto é emblemático para demonstrar um dos aspectos que mais me entusiasma nesta coisa de estar lidando com políticas públicas (em especial a 'minha' política, que é a saúde).
Vejam bem... Não se construiu nenhum mausoléu, não se inaugurou nenhuma unidade com o nome da mãe do prefeito ou do pai do governador.
As UBS são as mesmas, os usuários tem suas necessidades (que são as mesmas), a farmácia é a mesma, os farmacêuticos são os mesmos...
O que ocorreu aqui foi uma mudança no jeito de assistir as pessoas.
Simples assim...
"Farmacêuticos realizam consultas individuais com os pacientes que tomam mais que cinco medicamentos ao dia para orientar sobre o uso correto e avaliar a necessidade real desses medicamentos para a pessoa."
Simples assim.
Passa-se da assistência para a atenção, passa-se da dispensação irracional e inconsequente, para a Atenção Farmacêutica.
O farmacêutico deixa de ser conferente de estoques para ser... farmacêutico!!!
Esta "mudançazinha" de mentalidade/ cuidado/ atitude, num primeiro momento reduziu radicalmente as demandas por medicamentos na Ouvidoria do SUS-Curitiba.
Salvo engano, redução de até 70% nas queixas...
Simples assim.
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