Deputados dizem desconhecer teor da ‘Panaceia’
A notícia de que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP) do Paraná, investiga o envolvimento de um deputado estadual no esquema de desvio de recursos da saúde pública para compra de medicamentos em Toledo (Oeste) repercutiu ontem na Assembleia Legislativa (AL). A suspeita é de que um grupo de empresários, criminosamente associado com secretários municipais, superfaturou contratos. Os valores desviados seriam divididos e parte do montante entregue a políticos. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.
Dos 54 membros da AL, 11 são do Oeste do Estado, foco da operação, batizada de Panaceia, o que gerou certa apreensão durante a sessão plenária. O presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB), disse que tomou conhecimento do caso pela imprensa. “A mim não chegou nenhuma informação até o presente momento. Acredito que, se há indícios e o Gaeco está falando algo dessa natureza, vai surgir. É questão de tempo. Imagino que amanha (hoje) já tenhamos a informação.” Segundo o tucano, porém, não cabe à AL se posicionar. “A autoridade maior para comprovação é o Gaeco. Não posso falar sobre o que eu não conheço. E o fato de investigar não significa dizer que se está denunciado. Então, não há nada de concreto.”
Coordenador, no parlamento, da frente de desenvolvimento da região e prefeito de Toledo por duas gestões, de 2005 a 2012, José Carlos Schiavinato (PP) também se mostrou surpreso com as investigações, no entanto, cobrou que as identidades dos envolvidos sejam divulgadas e eventuais irregularidades apuradas. “Dizem que tem deputado do Oeste, né, e a operação ser feita na região de Toledo. Aí já começam a insinuar: ‘Será que não é o Schiavinato que está envolvido nisso?’ Mas não tem qualquer tipo de possibilidade. A gente está muito tranquilo com referência a isso, se é o que possa estar sendo ventilado ou pensado por alguém nesse momento”, afirmou. “Que o Gaeco possa rapidamente colocar os nomes dos envolvidos, para que se tenha uma posição real dessa situação.”
Já Paranhos (PSC), que preside um grupo na AL destinado a fiscalizar os atos do Sistema Único de Saúde (SUS), adiantou que pedirá ao Tribunal de Contas (TC) um relatório relativo a todo o dinheiro enviado ao SUS do Paraná e repassado aos municípios, para compra de remédios. “Vamos fazer um trabalho exatamente nessa linha, porque a denúncia é de que nas compras de medicamentos feitas pelas prefeituras houve desvio, a não entrega efetiva daquilo que foi comprado”, contou. Ele acrescentou que considera a situação extremamente preocupante. “Quando chega uma notícia como essa, de corrupção, desvio, superfaturamento e, pior, com o Gaeco citando inclusive o envolvimento de parlamentares, isso nos preocupa muito.”
A reportagem procurou ontem o delegado do Gaeco em Cascavel, Thiago de Almeida, mas ele estava conduzindo depoimentos de suspeitos na Panaceia.
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