Parlamentares da Bancada do PT na Câmara criticaram duramente as declarações do ministro da Saúde do governo golpista, Ricardo Barros, que afirmou que “saúde universal é sonho, e não um direito”. Em entrevista à BBC Brasil o ministro disse que quem defende um sistema de saúde que atenda a todos “são ideólogos, não são técnicos, nem especialistas”. Ricardo Barros criticou pesquisadores que defendem um sistema de saúde universal e defende que todo mundo pague plano de saúde. O líder da Bancada do PT, Afonso Florence (BA), repudiou as declarações.
“O ministro Ricardo Barros fez mais uma das suas. Disse uma bobagem, uma declaração estapafúrdia, e deixou claro a verdadeira intenção do governo golpista de Temer que é acabar com a saúde pública em nosso país. Para os golpistas, todo mundo deverá pagar plano de saúde porque cobertura universal, ou seja, todos terem acesso a assistência à saúde é um sonho e quem defende é ideólogo”, criticou.
“O ministro da Saúde do governo golpista precisa saber que a mobilização do povo brasileiro inscreveu na Constituição de 88 o Sistema Único de Saúde para garantir que todos tenham direito e é obrigação do Estado garantir saúde pública de qualidade. Por isso, junto com todo o movimento em defesa do SUS, repudiamos essa intenção do governo ilegítimo de Temer”, reiterou o líder do PT, Afonso Florence.
Também o deputado Jorge Solla (PT-BA) reafirmou que a verdadeira intenção do governo golpista é desmontar o SUS para sobrar mais recursos para a elite que financiou o golpe parlamentar.
“O nosso sistema de saúde está escrito na Constituição e tem inspiração no que já acontece em outros países como Canadá e Inglaterra. Então, não está se falando em algo que não se pratique em qualquer lugar do mundo”, disse.
Jorge Solla ressaltou os avanços do serviço público de saúde no Brasil. “Avançamos muito de 88 para cá. O Brasil é o único país com mais de 100 milhões de habitantes que aceitou este desafio e conseguiu conquistas importantíssimas na atenção básica de saúde. Além disso, temos o maior programa de vacinação e o maior programa de transplante do mundo. Mais de 90% das ações de alta complexidade e de alto custo já são realizadas”.
Para o deputado Assis Carvalho (PT-PI), não há surpresas nas declarações do ministro do governo golpista, já que Ricardo Barros tem compromisso declarado com o sistema de saúde privado, com os planos de saúde. “Para ele (Ricardo Barros), quanto mais frágil for o SUS, é melhor para o setor de saúde privado. E isso tudo faz parte do setor que ele tem compromisso, que ele apoia e que ele legisla para beneficiar, o setor privado. Não há preocupação com o povo. Lamentamos que o ministro golpista ignore décadas de discussão do sistema e dos avanços obtidos. Apesar das fragilidades ainda existentes se lembrarmos a época em que não havia SUS, melhorou muito. Ricardo Barros tem o único objetivo de fortalecer o sistema privado de saúde, do qual é aliado. Um sistema rentista e do negócio pelo negócio. A sociedade está pagando um preço alto com o golpe e a saúde e a educação são as áreas mais prejudicadas”, lamentou o petista.
Apoio – Vale lembrar que o ministro da Saúde, Ricardo Barros, foi eleito deputado federal pelo PP em 2014 e teve como maior doador individual de sua campanha o empresário Elon Gomes de Almeida, presidente da Aliança, administradora de planos de saúde, com uma contribuição de R$ 100 mil.
Polêmicas - Desde que assumiu o cargo, Ricardo Barros tem dados declarações polêmicas e com repercussão negativa. Em maio, por exemplo, concedeu uma entrevista onde disse que “O tamanho do SUS precisa ser revisto”. Em seguida, ele negou.
Outra declaração polêmica foi dada em evento na sede da Associação Médica Brasileira, em São Paulo, onde disse que os pacientes imaginam doenças. “A maioria das pessoas chega ao posto de saúde ou ao atendimento primário com efeitos psicossomáticos. Não temos dinheiro para ficar fazendo exames e dando medicamentos que não são necessários só para satisfazer as pessoas, para elas acharem que saíram bem atendidas do postinho de saúde”. Outra pérola do ministro da saúde do governo golpista aconteceu em agosto, quando ele disse que “homem procura menos os serviços de saúde pois trabalha mais, é o provedor da maioria das famílias e não acha tempo para se dedicar à saúde preventiva”.
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