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sexta-feira, 19 de junho de 2020

O Olavismo chega ao ministério(*) da Saúde


no Outra Saúde (via e-mail)

Se não bastasse a ocupação militar do Ministério da Saúde e o loteamento da estratégica área de vigilância para o Centrão, agora a “doutrina” de Olavo de Carvalho também terá influência sobre a pasta. Saiu ontem a nomeação de Hélio Angotti Neto como secretário de ciência, tecnologia e insumos estratégicos – área onde justamente se monitoram estudos clínicos sobre medicamentos e se avalia sua eficácia... 


Como Ernesto Araújo, outro discípulo do ideólogo, Angotti é adepto da crença no “globalismo” e escreveu sobre isso em seu blog: “Vivemos, na verdade, um cenário parcialmente previsto pelo Filósofo Olavo de Carvalho no início do século XXI, que recomendara ao então presidente do Brasil, Itamar Franco, a realização de um Congresso Mundial sobre o Nacionalismo. A sugestão então ignorada agora se faz urgente, como também é urgente a redefinição dos mercados e das fronteiras diante das atuais mutações políticas, científicas, econômicas e culturais”.




Mas sua principal característica é perseguir os direitos reprodutivos femininos. Em uma recente entrevista à Gazeta do Povo, Angotti declarou: “Há uma grosseira manipulação de expressões como saúde e direito, de forma que a tentativa de legalizar o assassinato da própria prole, de nossos filhos, torna-se um direito reprodutivo e saúde reprodutiva. É manipulação semântica de baixíssima qualidade, mas que convence pessoas despreparadas em termos filosóficos. Que se considere saudável, digno ou justo matar fetos indefesos é sinal claro de que há sim uma postura controversa em relação à vida humana e a sua dignidade.” Angotti tem um livro contra o aborto publicado por uma editora que diz ter o objetivo de divulgar obras que “exaltam o poder e glória de Deus”. No Twitter, o novo secretário se define como “cristão, pai de família, médico, gestor, escritor e pesquisador”.



Essa triste figura já estava no Ministério: atuava como braço direito de Mayra Pinheiro, que está à frente da Secretaria da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde desde o início do governo e tem sido a responsável por defender a cloroquina nas coletivas de imprensa. Mencionamos ela ontem, por conta de um áudio em que defende intervenção na Fundação Oswaldo Cruz a partir de invenções muito típicas do bolsonarismo, como a de que “têm um pênis na porta da Fiocruz”. 

(*) Assim mesmo, com minúsculas

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