Em causa estava o tratamento das pacientes com cancro da mama metastático, ou seja, em situação em que o cancro já se espalhou a outros órgãos.
"A verdade é que o Avastin pode ser usado para tratar o cancro da mama, como qualquer outro medicamento. O que não está demonstrado é que ele tenha vantagens relativamente aos outros medicamentos que já são utilizados", explicou, acrescentando que o uso deste fármaco seria sempre feito em adição a outros já usados.
De acordo com o presidente do Infarmed, o organismo responsável pela análise das tecnologias na área da Saúde no Reino Unido, o Instituto Nacional para a Excelência Clínica e da Saúde (Nice, na sigla em inglês), teve opinião semelhante.
"Este relatório do Nice diz que não é possível recomendar a utilização do bevacizumad (Avastin) no tratamento do cancro metastático, porque a empresa não submeteu essa evidência e diz mesmo que, quando solicitada a submeter essa evidência, a empresa referiu que os resultados do estudo não demonstram que o uso do bevacizumad em associação ao paclitaxel seja custo efetivo", justificou.
Por outras palavras, Vasco Maria apontou que a própria empresa farmacêutica não conseguiu demonstrar que juntar o Avastin à terapêutica recomendada tenha alguma vantagem.
Negou, por isso, que na base da decisão do Infarmed estejam fatores economicistas, tendo em conta que, segundo o próprio presidente do organismo, um tratamento de três em três semanas de Avastin pode representar um acréscimo de dois mil euros.
Questionado sobre se esta decisão seria alargada ao tratamento de outros tipos de cancro, Vasco Maria esclareceu que o Infarmed analisou também a utilização deste medicamento no tratamento do cancro do pulmão de pequenas células, uma variante deste tipo de cancro.
"Aí, o Infarmed identificou algum benefício terapêutico acrescentado, ou seja, está demonstrado um pequeno benefício de juntar este medicamento aos que já se utilizam no tratamento do cancro do pulmão", revelou, ressalvando, no entanto, que também aqui "os custos são claramente excessivos".
O presidente do Infarmed sublinhou que existem "muitos medicamentos" para as doentes com cancro da mama metastático e lembrou que as recomendações nacionais "dizem que pode ser utilizado um conjunto bastante grande de medicamentos que estão disponíveis".
Segundo a edição de hoje do Correio da Manhã, a Autoridade Nacional do Medicamento enviou uma ordem aos hospitais na qual proíbe o uso daquele medicamento em doentes oncológicos, ameaçando as unidades de saúde com processos civis e criminais.
As doentes com cancro da mama metastático, adianta o jornal, têm uma taxa de sobrevivência média de dois a três anos, sendo o Avastin utilizado para retardar a evolução da doença.
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