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sábado, 22 de janeiro de 2011

Felicidade em pílulas

http://silviakochen.wordpress.com/
Temos pílulas para tudo. Comeu demais? Tome um laxante. Está ficando velha? Por que não tenta a reposição hormonal? Está deprimido? Que tal uma pílula da felicidade?
É o que acontece com muitos conhecidos meus. Tomam laxantes quando comem demais, hormônios porque se recusam a aceitar a passagem do tempo e antidepressivos quando querem felicidade instântanea e indolor.
E isto é cada vez mais frequente! Mas, quando lembro que vivemos em uma cultura que nos impõe como principal meta na vida a aquisição de bens e de status social, a juventude e o glamour e um corpo que segue padrões rígidos de design, não surpreende que as pessoas estejam cada vez mais deprimidas e ansiosas.
Vivemos num mundo extremamente conturbado. Ligamos a televisão e sabemos de um atentado chocante em algum lugar do mundo. Eventualmente, perguntamos se aquele conhecido que está viajando não foi uma das vítimas. Ouvimos que o vizinho ficou desempregado e está desesperado. No nosso trabalho, as coisas parecem estar de pernas para o ar e tememos pelo nosso futuro. Lemos no jornal que a violência impera, que as perspectivas estão ruins… Parece que é proibido ser simplesmente feliz.
Diante de tudo isso, queremos nos preservar. Buscamos comprar carro apartamento, seguro e tudo o mais que possa nos dar a sensação de proteção contra os infortúnios que podem acontecer. Frequentemente, as pessoas exageram e fazem dívidas além de suas possibilidades em busca desta falsa segurança.
Seguem atrás de um objeto de desejo. Depois vão atrás de outro, e mais outro… Vão passando suas vidas atrás de novas aquisições, desesperadas com a idéia de não conseguirem trocar de carro ou de sofá, e com medo de perderem o que já têm, inclusive prestígio, amigos e poder. Jamais sentem tranquilidade.
A palavra de ordem parece ser a insatisfação, alimentada constantemente por uma superexcitação dos sentidos: provar um novo perfume, um prato exótico, um vinho, uma massagem… Enfim, uma sucessão de coisas novas que nunca permitem que se exercite o contentamento.
O resultado de tudo isso? Uma epidemia de hipocondria. E parece ser contagiosa!

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