Porque, como sabemos, álcool não é droga
O jornal Diário de São Paulo noticiou, em sua página policial, há alguns dias, que o desembargador Ricardo Tucunduva, do Tribunal de Justiça de São Paulo, retirou um filho envolvido em um acidente de trânsito do local da ocorrência alegando que ele estaria ferido e proibiu que nele fosse feito o teste do bafômetro. Segundo testemunhas citadas pela reportagem, o herdeiro estaria em alta velocidade e atravessara o sinal vermelho. Por isso, o desembargador teria tentado abafar o caso.
Pedimos para a assessoria do Tribunal uma posição do magistrado sobre o que ocorreu, mas ela – até agora – não veio.
Quem é o desembargador? Uma nota divulgada pela Polícia Militar no dia 03 de maio de 2008, um sábado, refresca a memória:
“Por decisão do desembargador Ricardo Tucunduva, acatando mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público, fica proibido o movimento Marcha para a Maconha.”
Três anos depois da proibição do magistrado, o governo do Estado de São Paulo teve que permitir a realização da manifestação após o Supremo Tribunal Federal liberá-la pelo país, garantindo a liberdade de expressão – para o horror dos reacionários de plantão. Não sem antes, é claro, a Polícia Militar usar cacetetes, balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio contra jovens que marchavam por essa bandeira na avenida Paulista e imediações no dia 21 de maio.
Lembrei-me, dia desses, de uma cena do filme inglês Trainspotting, em que um dos personagens vira para os amigos que consomem drogas ilícitas e diz algo do tipo “não sei como vocês têm coragem de usar esses químicos”. E manda uma caneca de cerveja para dentro…
Enfim, moral da história: a vida é uma grande ironia.
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