via Agência Saúde
Em momento de crise econômica mundial, em que muitos países optam por cortes no orçamento, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, defendeu a manutenção de recursos para áreas sociais, como saúde e educação. Esses setores, segundo ele, são fundamentais para o fortalecimento econômico das nações. A declaração foi dada durante a Conferência sobre Determinantes Sociais de Saúde, da Organização Mundial de Saúde, que está sendo realizada no Rio de Janeiro.
"O Brasil já aprendeu que não se enfrenta crise econômica fazendo cortes nas políticas sociais. Pelo contrário, ações nessas áreas tornaram o nosso mercado interno mais forte", destacou na abertura do grupo de trabalho Ensuring Universal Coverage.
O investimento em Saúde no Brasil foi um fator importante para o desenvolvimento da indústria. O setor hoje movimenta cerca de 10% do PIB nacional e responde por 35% do esforço em inovação no país. "Ao criarmos o SUS, um sistema de saúde pública com oferta de serviços em todo o território nacional, construímos um mercado para a indústria", disse Padilha, que se sentou à mesa ao lado do ministro da Saúde do Reino Unido, Simon Burns, e da presidenta da Hearlife, Sonia Nishtar.
Cada um dos participantes apresentou a experiência de criar um sistema de saúde que atenda às necessidades e especificidades das nações. O Reino Unido, como o Brasil, possui um sistema de saúde pública e universal. Com 63 anos de existência e consolidado por uma nação desenvolvida, o sistema britânico enfrenta desafios que o SUS se prepara neste momento, como o envelhecimento da população e o salto do orçamento farmacêutico. "São questões que pressionaram o sistema de saúde, mas que enfrentamos. Evoluímos sem perder o comprometimento com o princípio geral, que é a universalidade", afirmou Simon Burns.
O ministro de Saúde do Reino Unido ressaltou ainda que um desafio do país hoje neste setor é vencer as desigualdades regionais. A expectativa de vida na região central, próxima a Londres, é dez anos maior que a do noroeste. "Temos de aceitar que não é a saúde que causa desigualdade, mas sim condições de habitação, falta de conhecimento e baixa renda. Por isso, hoje trabalhamos na promoção de ações para reduzir essas diferenças".
Os modelos de saúde pública inglês e brasileiro foram apresentados como iniciativas que são frutos de financiamento e investimento do governo, mas, principalmente, de decisão política. A presidente da Hearlife, Sania Nishtar, mostrou as dificuldades do governo do Paquistão em estabelecer um sistema de saúde pública em um país que sofre com a pobreza, que luta contra o terrorismo e que enfrentou duas enchentes devastadoras nos últimos dois anos.
"Muitas pessoas deixaram de ser atendidas por não terem como pagar por um serviço de saúde, por isso, hoje o governo adota um sistema misto (público e privado), em que reserva parte dos recursos para o atendimento da população mais pobre. Nas condições do país, pagar para todos seria catastrófico", disse Sania, que foi a primeira mulher cardiologista do Paquistão. Apesar dos avanços, o financiamento é ainda um desafio da saúde no Brasil. O ministro de Saúde, Alexandre Padilha, destacou que o governo federal trabalha para a criação de formas de tornar o sistema mais sustentável.
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