Por Kate Kelland via Correio do Brasil
LONDRES (Reuters) – Países da África Subsaariana que investem na formação de médicos já perderam 2 bilhões de dólares devido a emigração desses profissionais em busca de emprego em nações mais prósperas, segundo um estudo divulgado na sexta-feira.
Pesquisadores canadenses liderados por Edward Mills, chefe do departamento de saúde global da Universidade de Ottawa, concluíram que África do Sul e Zimbábue são os países mais prejudicados, ao passo que Austrália, Canadá, Grã-Bretanha e Estados Unidos são os mais beneficiados com a contratação de médicos formados no exterior.
Mills disse que os países receptores precisam admitir esse desequilíbrio e investir mais na formação e desenvolvimento dos sistemas de saúde nos países de onde ocorre a “fuga”.
“Os países em desenvolvimento estão na prática pagando para treinar pessoal que então sustenta os serviços de saúde nos países desenvolvidos”, escreveu o grupo no artigo publicado no British Medical Journal.
Em 2010, a Organização Mundial da Saúde adotou um código de conduta para o recrutamento de pessoal da área médica, e pediu aos países ricos que ofereçam ajuda financeira às nações mais pobres que são afetadas por esse problema.
Esse código é particularmente importante para a África Subsaariana, onde a emigração de profissionais dificulta o combate a problemas como as epidemias de Aids, tuberculose e malária.
A equipe de Mills usou dados educacionais da Unesco e de outras fontes para calcular o custo na formação de um médico desde a escola primária até o final da faculdade em nove países africanos: África do Sul, Etiópia, Quênia, Malaui, Nigéria, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbábue.
Os resultados mostram que formar um médico custa entre 21 mil dólares (em Uganda) a 59 mil (na África do Sul). Esse investimento é perdido se o profissional vai procurar emprego num país mais rico. Nesses nove países, a soma de todo o dinheiro investido na formação de médicos que acabaram emigrando supera os 2 bilhões de dólares.
O estudo calculou que a Grã-Bretanha já lucrou 2,7 bilhões de dólares com a importação desses profissionais. O benefício foi de 846 milhões de dólares nos EUA, 621 milhões na Austrália e 384 milhões no Canadá.
Reuters
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