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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

“O ônibus não pode ser mais caro que o carro” Dr. Rosinha (PT), deputado federal



O deputado federal Dr. Rosinha (PT) quer disputar pela segunda vez a prefeitura de Curitiba. Mas, para isso, ainda terá de vencer as pelejas internas do PT. Primeiro, precisa fazer com que o partido decida por ter candidatura própria. Depois, terá de disputar a indicação com o colega da Câmara Angelo Vanhoni e com o deputado estadual Ta­­deu Veneri.
A movimentação da ala majoritária do PT já indica que uma vitória na primeira batalha será difícil. Em dezembro, o grupo decidiu que fechará alianças com partidos da base do governo federal, deixando claro que o candidato preferencial dessa aliança é Gustavo Fruet (PDT).
Quem é
Dr. Rosinha – PT
- Está no quarto mandato como deputado federal.
- Nasceu em Rolândia, em 1950. Mudou-se para Curitiba em 1969.
- Disputou a prefeitura de Curitiba em 1992.
Dr. Rosinha reagiu e propôs que todos os filiados do partido em Curitiba possam votar para escolher se a legenda terá ou não candidato próprio nesta eleição. “Eu defendo a candidatura própria porque acho que, se forem colocadas apenas duas candidaturas, vai virar um plebiscito, e corre-se o risco de perder no primeiro turno”, disse em entrevista à Gazeta do Povo.
Ter várias candidaturas não diminuiria as possibilidades de a oposição vencer em 2012?

Não na minha concepção.

Mas a cúpula do PT nacional e a ala majoritária do partido no Paraná defendem candidatura única da base do governo federal.

Não tem essa definição. O que há é uma vontade de construção de candidatura única, mas ela não é peremptória. Eu defendo a candidatura própria porque acho que, se forem colocadas apenas duas candidaturas, vai virar um plebiscito, e corre-se o risco de [a oposição] perder no primeiro turno. Mas levando para o segundo turno, nós podemos, aqueles da base do governo federal, discutir e caminharmos todos juntos.

Quais lições o senhor aprendeu das eleições passadas?

Não há vitória eleitoral sem um bom planejamento de campanha. As minhas campanhas foram sempre muito bem planejadas. Tanto é que fui várias vezes eleito. E nu­­­ma delas fui o mais votado do PT no estado, e gastando muito pouco dinheiro. Nesse planejamento, o importante é captar o sonho do povo. Se eu conseguir fazer isso, eu tenho grandes chances de ser eleito.

Existe uma resistência do eleitor curitibano ao PT. Como vencer isso?

Existe resistência e não é pouca. Eu acho que essa resistência é por preconceito. O Lula, com a origem dele, popular e metalúrgico, não conseguiu aqui, com o curitibano, quebrar esse preconceito. A Dilma já está conseguindo romper com isso, segundo os dados que nós temos. Acho que eu também conseguirei contribuir para romper com esse preconceito. Pela minha origem, da roça, e a minha profissão de médico. E depois a minha história política, que mostra a minha coerência.

Se um gênio da lâmpada aparecesse para o senhor e lhe concedesse um desejo, desde que fosse para mudar algo em Curitiba, o que pediria?

É muito difícil escolher uma só mudança. O Aladim teve três chances. Hoje existem vários problemas, mas um que afeta a todos é a questão de saúde. Por mais que se diga que está bem, não está bem. Não está certo uma pessoa esperar até um ano, um ano e meio, para ter uma consulta com um especialista. Outra questão é a violência. A prefeitura tem de ter política pública de combate à violência. E o combate à violência não é só a repressão, é a prevenção.

O senhor pensa em alguma inovação para Curitiba?

O homem e a mulher têm de viver a dignidade e saber que podem decidir. Se eu for governante, eu vou dar oportunidade para isso. O povo tem de decidir os rumos e tem como fazer isso.

O senhor estaria disposto a colocar ciclofaixas em toda a cidade?

Ou faço a faixa [exclusiva para ciclista], ou educo todos os motoristas. Eu fui ao México e lá tem faixa para ciclista. Em Bruxelas [Bélgica] não tem, mas o ciclista é respeitado pelo motorista. Não precisa ter a faixa, o motorista sabe que tem de respeitar.

Qual a opinião do senhor sobre o projeto do metrô de Curitiba?

Sou favorável a um meio de transporte público que não seja só o ônibus coletivo. Pode ser o metrô, mas também veículos leves sobre trilhos.

O que é possível fazer para melhorar o trânsito?

Se eu melhorar muito o transporte coletivo, melhoro o trânsito.

O pedágio urbano é necessário para Curitiba?

Eu não diria que é um projeto de candidato, mas todas as cidades do Brasil que têm problemas com carro têm hoje de pensar nisso.

O que mais irrita o senhor no trânsito?

A falta de educação de muitos motoristas.

Quais metas sociais o senhor gostaria de atender?

Proporcionalmente, acho que Curitiba deve ser a capital que mais tem moradores de rua. Deve ter uma ação da prefeitura de trabalhar com esse pessoal. Outro problema, apesar de invisível para a administração pública, são os muitos adolescentes nas ruas cheirando cola e usando outras coisas. Tem de ter uma ação social nisso. Não repressiva.

O que o senhor mais gosta em Curitiba?

Gosto muito do lado histórico e da formação da cidade, do modo como foi o crescimento e a migração do interior para cá.

Do que menos gosta?

Alguns setores da nossa periferia estão muito feios, abandonados.

Qual o local de Curitiba de que o senhor mais gosta?
Sempre gostei muito do Largo da Ordem e da região da Universidade Federal, porque acho que são re­­giões simbólicas da cidade.

Qual a praça favorita do senhor?

A 29 de Março.

E o parque?

O Barigui.

Quem é o curitibano?

Tem duas fases. Uma até meados da década de 60 e outra posterior. Até aquele período, havia um curitibano mais tradicional. Da década de 70 para cá, com a migração, esse curitibano começou a perder espaço para um outro, mais expansivo, mais aberto a aceitar outras referências culturais.

O curitibano é tímido ou fechado?

É um pouco fechado até perceber que aquela pessoa com quem está conversando é receptiva.

Um pouco desconfiado, então?

Sim, um pouco desconfiado até conhecer bem. Depois ele vai embora, não tem problema.

Como o senhor define Curitiba?

O que mais se fala fora é: cidade bonita, mas fria, no sentido do clima.

E em relação ao curitibano?

Já foi [frio]. Hoje não é mais.

Do que o senhor sente falta quando está fora?

Da minha casa, onde tenho meus discos. Tenho uns mil vinis só de MPB.

Em que época a cidade é mais bonita?

Na primavera.

O senhor usa transporte público?

Agora meu escritório está longe, mas quando era na Lamenha Lins eu pegava o ônibus Vila Izabel, ou pegava o expresso.

O que achava do ônibus?

Muito caro. Vou falar por mim. [O tra­­­­jeto da] Vila Izabel até a La­­­­menha Lins. Caminhando, faço em 35 minutos. De carro ou de ônibus, faço no mesmo tempo. Só que o ônibus é mais caro do que ir de carro. Não posso ter um transporte coletivo mais caro do que o individual.

É possível baixar o preço da passagem?

É possível, desde que o poder público não deixe a iniciativa privada fazer o controle.

Qual feira o senhor frequenta?

Frequentava mais a feirinha de domingo do Largo. Hoje frequento muito pouco porque é muita gente. Eu prefiro mais a tranquilidade.

Existe algum local pouco conhecido da cidade que o senhor indicaria para um amigo conhecer? 
Sempre que vem algum amigo para conhecer a cidade eu os levo para conhecer os parques.

Em qual escola o senhor estudou em Curitiba antes de passar no vestibular?

Estudei no Colégio Estadual Rio Branco.

Há algum personagem da história de Curitiba que o senhor admira?

Gosto da obra do Dalton Trevisan e gosto muito da pessoa do Valêncio Xavier.

E da atualidade?

O Cristovão Tezza.

Costuma caminhar por Curitiba? 

Caminho sempre ao redor de onde eu moro. Desço a Avenida Sete de Setembro e vou embora.

E as calçadas da cidade, o que o senhor acha?

Péssimas. Minha mãe tem 82 anos. Até os 81 ela caminhava sozinha. Depois proibi porque periodicamente caía.


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