Nassif - Coluna Econômica - 07/02/2012
Nos últimos anos, o movimento pela qualidade entrou definitivamente na área pública, estimulando governantes – governadores, prefeitos e diretores de autarquia – a buscar o aprimoramento da área.
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Os ensinamentos nessa área são expressivos, a começar do desafio inicial – dispor de bons dados consolidados sobre o universo que se quer trabalhar.
Por exemplo, foi iniciado um trabalho em Goiás. O governador Marconi Perillo queria reduzir os índices de criminalidade. Na hora de levantar as estatísticas, percebeu-se que o zoneamento da Polícia Civil era diferente da Polícia Militar. Portanto, a ação conjunta seria ineficaz.
Acabaram fazendo como em Pernambuco. Dividiram Goiás em áreas de segurança, cada qual com um coronel responsável. E sugeriu-se o modelo de Pernambuco, onde o governador Eduardo Campos preside reuniões semanais com todo mundo, Policias Civil e Militar, pessoal técnico, de perícia, Corpo de Bombeiros etc.
Outro ponto é a informatização das estatísticas em poucas relevantes. No caso de Segurança Pública, por exemplo, é homicídios, latrocínios, roubo de veículos e de pedestres.
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Há um problema recorrente em todos os estados entre os chamados agentes prisionais.
No Rio Grande do Sul havia a informação de déficit de 25 mil vagas em prisões. Quando foi se conferir, havia prisões com 6 presos e 8 agentes prisionais, em um esquema de horas extras. A consultoria que tocou o projeto pediu o fechamento de várias prisões.
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Recentemente, Eduardo Campos montou o mesmo modelo para Educação – mas, aí, com reuniões mensais.
Na primeira reunião, antes de todos os presentes bateu o olho nas estatísticas de uma determinada escola. Só indicadores positivos. Indagou como era possível só ter indicadores positivos e, na média do IDEB, estar abaixo da nota de escolas nas mesmas condições socioeconômicas. Imediatamente chamou o responsável pela área e o demitiu. Sinalizou que estatísticas manipuladas ensejarão punições aos responsáveis
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Muitas vezes a gestão precisa ser redirecionada. É o caso de Minas Gerais. Montou-se o Choque de Gestão, conseguiu-se razoável equilíbrio nas contas públicas e empreenderam-se novas obras.
As novas obras aumentaram as despesas de custeio. Além disso, em 2010 as eleições levaram a um nível recorde de convênios assinados. A solução foi direcionar a gestão para redução de despesas de custeio.
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Um dos grandes desafios dos sistemas de gestão é a tendência de muitos setores de sonegar dados que possam expor sua incompetência.
Ficou famosa, na comunidade de gestão, um episódio recente da Ford mundial. A empresa não possuía sistemas integrados de gestão, operando em escala global – controlando compras, por exemplo. Aí decidiu contratar um executivo da Boeing. Seu primeiro trabalho foi definir um conjunto amplo de indicadores e marcar um dia para a exposição dos departamentos.
No dia marcado, havia apenas um indicador amarelo. O restante, todos azuis. Curioso, indagou ele, está tudo no azul, no entanto a empresa amargou o maior prejuízo da sua história.
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São muitas as experiências a serem relatadas. Mas hoje em dia existe, pelo menos, um histórico de boas experiências a estimular a gestão moderna.
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