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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Curitiba: Unidades de Saúde mudam rotina e melhoram o atendimento à população

Mudanças na forma de agendamento de consultas, no papel dos enfermeiros e na integração das equipes têm resultado em melhorias no atendimento à população em várias unidades de saúde de Curitiba. Resultado do envolvimento e da dedicação de servidores, essas mudanças estão melhorando o acesso aos serviços de saúde, e são incentivadas pela Secretaria Municipal de Saúde, que entende que cada unidade pode e deve reavaliar a organização do trabalho.
A Unidade de Saúde do Bairro Novo, no Sítio Cercado, tem conseguido reduzir o índice de faltas depois que passou a atender a maior parte dos pacientes no mesmo dia, sem agendamento prévio. “Voltamos a fazer o óbvio”, diz o médico Marcelo Garcia Kolling, que atende na unidade. De acordo com Kolling, que trabalha há dez anos no sistema público, é essencial que o acesso corresponda à necessidade do paciente. “Criamos um sistema complexo para fazer as coisas e agora voltamos a fazer de maneira mais simples. Atender quem precisa na hora que precisa”, resume.
No sistema antigo, com pré-agendamento de consultas que demoravam até dois meses, a unidade registrava um índice alto de faltas. Atualmente, as pessoas passam pela avaliação e são atendidas, em sua maioria, no mesmo dia. “Após a avaliação da enfermeira, conseguimos marcar a consulta para o momento mais adequado. Como todos moram na região, é possível ir para casa e voltar no horário agendado. Não precisam mais passar o dia na unidade aguardando ser chamado”, salienta Kolling.
Na Odontologia, o sistema adotado é o mesmo. São realizadas avaliações diárias e os usuários são atendidos geralmente no mesmo dia. “Com esse novo modelo, aumentou muito a demanda, graças à propaganda da própria população. E mesmo com o aumento do trabalho, diminuiu muito o estresse da equipe e dos usuários, porque trabalhamos com a agenda otimizada”, explicou o dentista Fabrício Teixeira.
Fila zerada
A Unidade de Saúde Moradias Belém, no Boqueirão, conseguiu zerar a fila para consultas médicas a partir da mudança no sistema de acesso dos usuários. Em maio, a médica Maria da Graça Araújo Garcia – que atua no Estratégia de Saúde da Família – inovou no atendimento: acabou com o pré-agendamento de consultas na sua agenda para priorizar os atendimentos de urgência e espontâneos.
“Me angustiava trabalhar com 80% da minha agenda repleta de consultas pré-agendadas. O paciente tinha que esperar dois ou três meses por uma consulta. Sempre tive a intenção de trabalhar com a agenda aberta e essa gestão da Secretaria Municipal de Saúde me possibilitou isso. Hoje tenho no máximo oito consultas agendadas, quatro em cada período. No restante do dia, atendo às pessoas que precisam do médico naquele dia”, conta Maria da Graça.
De acordo com a coordenadora da unidade, Christiane Cherpinski, todos os funcionários ficaram motivados e a mudança foi estendida às demais equipes da unidade. Cada um dos quatro médicos reserva oito consultas para atender principalmente pacientes que precisam de um retorno programado e as gestantes.
“Ainda estamos no início do processo, mas já conseguimos atender 100% da nossa demanda. Cada equipe cuida dos pacientes da sua microrregião, com dias para atendimento domiciliar. Nossa agenda já melhorou e hoje, conforme a condição clínica do paciente, é possível agendar a consulta de um dia para o outro”, informa Christiane.
Enfermeiras
Segundo Maria da Graça, o trabalho das enfermeiras e auxiliares de enfermagem da equipe também é fundamental para o sucesso na melhoria do acesso da população. As enfermeiras agora têm mais tempo dedicado ao atendimento dos pacientes da sua área e, em muitos casos, conseguem suprir a necessidade do usuário.
“Às vezes é um preventivo, coleta de exames e isso a enfermeira consegue resolver sem passar por mim. Depois, com o resultado dos exames, o paciente vem consultar comigo”, explica a médica.
Outra mudança foi a extinção de dias específicos para o atendimento de pacientes portadores de doenças crônicas. “Antes trabalhávamos com o dia do hipertenso, do diabético. Hoje, as auxiliares de enfermagem são responsáveis por esses pacientes. Monitoram se estão realizando as consultas regulares, buscando os medicamentos, comparecendo às consultas. Caso contrário, eu marco uma consulta, mando uma cartinha pela agente de saúde e, se necessário, vou até a casa do paciente verificar o que está acontecendo”, ressalta Ketemen Luci Cardoso, auxiliar de enfermagem.
“No início, tínhamos muitas reclamações do novo modelo de atendimento, mas isso é normal. Temos que mostrar para o usuário que está dando certo. Hoje escutamos muito mais elogios do que críticas e isso motiva toda a equipe”, afirma Christiane.
Integração
Desde maio, a Unidade de Saúde Santa Quitéria I passou a atender com quatro equipes generalistas de atenção primária. Quatro meses depois da mudança, é perceptível a integração entre as equipes, fato que gera resultados e reconhecimento entre os usuários.
“Dividimos nossa área de abrangência e nossa maior surpresa foi quando os usuários começaram a procurar suas equipes pelo nome. Ali percebemos que o vínculo foi criado”, comemora Luiza Reikda Moreira, coordenadora da unidade.
De acordo com a enfermeira Débora Leite, um dos problemas enfrentados no início foi conseguir resgatar a confiança no trabalho dos profissionais de enfermagem, que deixaram o papel burocrático para assumir a função clínica. “Quando os usuários vinham até nós, não acreditavam que pudéssemos resolver o problema. Mas aprovaram quando viram que agilizávamos o processo de atendimento”, comenta.
No novo sistema, o usuário chega à recepção e é encaminhado para sua equipe de referência, o enfermeiro, o médico ou o dentista. Outro diferencial são os cartões de visita das equipes de saúde, com o nome e função de cada profissional para entregar à população.
“Atendemos públicos bem distintos. Desde moradores de áreas de invasão até aqueles que têm bom poder aquisitivo. Cada um traz a sua realidade e vamos nos adaptando. Nas dificuldades, todo mundo se ajuda”, ressalta Debora.

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