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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A hora da chegada – como nascem os bebês no Brasil?

Adriana Franzin/EBC

Em nenhum lugar do mundo os índices de cirurgia cesariana são tão altos quanto no Brasil. Apesar da recomendação da Organização Mundial da Saúde limitar a cesárea a não mais que 15%  dos partos, aqui o número beira os 100% em vários hospitais, principalmente particulares.

Ao investigar o motivo dessa discrepância, o Caminhos da Reportagem – programa exibido pela TV Brasil – descobriu um emaranhado de fatores que atuam conjuntamente no processo, dentre eles a comodidade para médicos e instituições, o medo implantado acerca do parto nas mães e, principalmente, o interesse pelo lucro, por parte de hospitais e empresas que atuam no segmento.

Quem tem prejuízos, segundo o obstetra Ricardo Herbert Jones, que deu seu depoimento ao programa,  são a mãe e o bebê. “Fazer uma cesariana, apesar de ser uma cirurgia maravilhosa, que pode salvar vidas, tanto de mães quanto de bebês, só pode ser realizada quando houver uma indicação muito clara e muito precisa, para que a gente não perca os efeitos benéficos que o parto e a vinculação imediata pós-parto podem oferecer”, afirma. 

Assista aqui ao documentário completo:













O episódio que foi ao ar no dia 12 de dezembro,  mostra também que 25% das mulheres em trabalho de parto sofrem algum tipo de violência. Na maior parte das vezes, elas são impedidas de terem um acompanhante de sua escolha, de beber água, de caminhar, de ingerir alimentos. São abandonadas nos corredores, sendo vistas e tocadas desnecessariamente por dezenas de profissionais, tratadas de maneira desrespeitosa.


Bebê recebe carinho dos pais logo depois de nascer
“De um lado, no SUS, é o parto violento, sem nenhum direito, onde a mulher e o bebê são coisificados. Do outro lado, no privado, o parto é o consumo da cesárea. E aí nós entramos pra dois vieses que não trazem nada de bom. É necessário humanizar e dignificar o parto no SUS e ressignificá-lo na saúde privada, onde a mortalidade materna tem aumentado”, defende Maria Esther de Albuquerque Vilela, secretária de Atenção à Saúde da Mulher do Ministério da Saúde.


Mãe com o bebê no colo no momento do nascimento
O Caminhos da Reportagem também ouviu mulheres que, com prazer ou com dor, viveram a experiência do parto. Relatos positivos e transformadores de mães que optaram por parir em casa, centros de parto normal, ou até mesmo no hospital, mas com dignidade, também fizeram parte do documentário.

O programa aborda ainda o papel das doulas, mulheres que dão suporte físico e emocional às gestantes em trabalho de parto, como explica a profissional Carmem Palet: “A gente oferece apoio psicológico, incentivo, esclarecimento e utiliza técnicas como massagem, indica posições, movimentos e técnicas de respiração que podem auxiliar a mulher a ter mais conforto e a superar a dor e o medo”.


Mãe e filho trocam carinhos após o parto
Por fim, o documentário conta como funciona o hospital público Sofia Feldman, em Belo Horizonte, que é referência no tratamento humanizado e na assistência às gestantes.


Caminhos da Reportagem
O Caminhos da Reportagem é um programa semanal, com 52 minutos de duração. No ar toda quinta-feira, às 22h, leva o telespectador para uma viagem pelo país e pelo mundo atrás de grandes histórias, com uma visão diferente, instigante e complexa de cada um dos assuntos escolhidos. Temas atuais e polêmicos são tratados com profundidade e seriedade. Saiba mais aqui.

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