Por Marcela Mello no Divas Parideiras
dica do César Monte Serrat Titton
Eu costumo dizer que minha gravidez não foi planejada, mas foi muito desejada. Desde crianca eu dizia que queria ser "a mulher que tira o bebê da barriga", hoje sou publicitária e aos 27 anos me vi aos prantos ao descobrir que estava grávida no pior momento financeiro de toda minha vida.
Como era de se esperar, a gestacão foi rodeada de bastante stress e em todas as consultas do pré natal eu recebia uma nova má notícia.
Comecei com a pressão arterial em 15/13, o que me levou a ter que fazer todo o acompanhamento médico no ambulatório do hospital que atende gestantes de alto risco aqui no PR. Minha pressão arterial só subia, subia e as doses do medicamento também. Não importava o que eu fazia, comia ou bebia, a hipertensão gestacional era uma realidade.
Em uma manhã, em mais uma consulta semanal ao obstetra veio a notícia de pré eclâmpsia e, na semana seguinte, chegou o hipotiroidismo... eu cheguei a um ponto em que tudo o que fazia era rezar noite e dia para que minha filha viesse saudável a esse mundo.
Exames e mais exames... minha pequena Sophia corria o risco de nascer antes da hora, eu corria o risco de morrer (bem antes da hora!) e ela podia desenvolver má formacão cardíaca congênita. A cada novo exame eu passava noites sem dormir e a dor de barriga já era minha companheira.
Sempre que as pessoas falavam comigo sobre parto ou me aterrorizavam dizendo que a dor é insuportável, ou me diziam que com todo o meu quadro de gestacão de alto risco eu poderia morrer caso não fizesse uma cesariana.
Dia 10 de julho, as 6:00 da manhã minha bolsa rompeu, as 12:00 fui internada e já com fortes dores fui para o chuveiro onde fiquei pelo tempo que desejei. Meu marido acompanhou tudo, cada momento, cada grito de dor, cada instante de desespero. Confesso que muitas vezes pensei que não seria capaz de ir até o fim, mas minha filha queria nascer, era a hora dela! Saí do chuveiro e depois voltei pra lá, por considerar que a água quente me ajudava a passar pelas contracões.
Às 16:35 saí do chuveiro e, ao me apoiar na cama senti literalmente minha pequena coroando, avisei aos médicos que rapidamente me levaram à sala ao lado, a iluminacão era especial, a sala muito, muito quentinha! Meu marido ficou atrás de mim me apoiando enquanto duas médicas muito sensíveis me acalmavam e diziam "sua filha vai nascer, agora ela precisa de você!" e com dois (é gente, eu disse DOIS!) empurrões minha princesa nasceu.
Quando me dei conta ela já estava sobre o meu peito, seu corpinho tocava minha pele, e ao me ver e ouvir minha voz ela parou instantaneamente de chorar. Aquele momento, aquele instante foi o acontecimento mais mágico de toda minha vida. Eu senti que existi até aquele 10 de julho de 2014 para isso, vivi para experienciar aquele divino momento!
Ao olhar em volta me dei conta de dois médicos residentes emocionados, enfermeiras muito felizes e claro, a médica se prontificou a tirar a nossa primeira foto! Dia 10 de julho é também o nosso aniversário de namoro e certamente não poderia haver presente melhor!
Minha pequena veio saudável às 16:39, com 39 semanas e 3 dias, pesando 2.960 kgs e medindo 47 cm. Minha filha não sofreu aspiracão, mamou assim que nasceu e permaneceu comigo por horas, adentrando a noite. Nas 48 horas que permaneci no hospital cuidei da minha filha, dormi com ela, amamentei e dei seu primeiro banho.
Hipertensão, pré eclâmpsia e hipotiroidismo, nada disso tirou de mim aquele momento, aquele instante maravilhoso em que além de mãe tornei-me mulher! Minha gratidão eterna ao Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, a equipe foi incrível e muito sensível, do momento da internacão até o dia da alta.
O parto natural, sem intervencão e não traumático é sim possível pelo SUS. Meu sonho é que todas as mulheres no Brasil possam contar com o atendimento, cuidado e carinho que recebi de uma equipe preparada e realmente humanizada."
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